O chamado “tique nervoso” ocorre na criança com TDAH numa proporção maior do que nas crianças sem o transtorno. São movimentos anormais que acometem uma ou mais partes do corpo, repetitivos, de curta duração, respeitam um padrão quase uniforme e desaparecem com o sono.
Os tiques podem ser simples (tique único acometendo a face, por exemplo) ou complexos (tiques múltiplos em várias localizações do corpo). Pode se manifestar por piscamento, movimentos da mímica facial, torção ou contração prolongada de grupos musculares.
Pode ainda ser vocal, manifestando-se por pigarra, assovio, grito ou até o pronunciamento involuntário de palavrões, denominado coprolalia.
Os tiques são chamados de transitórios quando duram menos de um ano e crônicos se perduram por mais tempo. Se o quadro é crônico, os tiques complexos e associados à vocalizações, temos o diagnóstico de síndrome de Tourette. Cerca de 60% das crianças com síndrome de Tourette apresentam TDAH, mas a recíproca é menos freqüente. Biederman e seus colegas observaram TT em 17% das crianças com TDAH e em apenas 4% das crianças controles sem TDAH.
É controversa a relação existente entre os tiques e os psicoestimulantes usados no tratamento do TDAH. Enquanto alguns estudos mostram piora dos tiques com esta medicação, outros apontam melhora.
Na observação clínica destas crianças minha impressão pessoal é de que doses baixas de psicoestimulantes tendem a melhorar os tiques e as doses altas podem agravá-los.