Neurofeedback é uma espécie de biofeedback, que tem como objetivo desenvolver a
autoconsciência sobre os processos eletroquímicos do cérebro de modo a aumentar a
capacidade de autoregulação sobre a atividade cerebral e, consequentemente, sobre
os estados mentais (Moriyama et al, 2012).
A eficácia dessa terapia é corroborada por uma extensa literatura, incluindo
experimentos clínicos em larga escala (Friel, 2007). Estudos apontam que essa
técnica pode no tratamento de muitas patologias mentais e neurológicas, como
epilepsia, danos cerebrais, dores crônicas, TDAH, insônia e outros (Moriyama et al,
2012). Na atualidade, essa técnica também é utilizada para o aumento da capacidade
cognitiva, do desempenho “de pico” (artístico, atlético e outros), da sensação de bem-
estar de sujeitos normais (Dias, 2010).
O Neurofeedback é uma técnica e se baseia na observação de que o cérebro possui
diversos padrões de frequências eletromagnéticas, definidos através da dinâmica dos
potenciais de ação dos neurônios e das porções cerebrais escolhidas, tem relação
com as atividades cognitivas e estados mentais do paciente tanto normais quanto
patológicos (Berger, 1929).
Na prática, o neurofeedback é um treinamento simples e necessita somente de algo
que amplifique as ondas captadas no eletroencefalograma e algum aparelho ou
software que proporcione um feedback e uma espécie de reforço contínuo baseado no
nível das que se almejam alcançar no eletroencefalograma (Steiner et al, 2014).
Uma interface visual ou auditiva (uma música ou um jogo de computador, por
exemplo) traduz para o paciente o quão próximo ele está de alcançar os padrões de
ondas desejados. O computador lê e emite o feedback para o paciente em tempo real,
de forma que as mudanças desejadas no eletroencefalograma sejam recompensadas
através de algum estímulo visual ou auditivo (Moriyama et al, 2012).
Normalmente, os pacientes não conseguem influenciar diretamente suas ondas
cerebrais devido a sua falta de consciência sobre as mesmas. Porém, quando eles
podem observar suas ondas cerebrais em uma tela em tempo real, isso proporciona
aos pacientes a capacidade de alterá-las gradualmente. Assim o cérebro é literalmente
“retreinado” a emitir padrões elétricos desejáveis. Em um primeiro momento essa
mudança tem curta duração, porém, conforme o treinamento prossegue, as mudanças
se tornam gradualmente mais duradouras (Steiner et al, 2014). As sessões clínicas
geralmente duram entre 50 e 60 minutos e são repetidas duas vezes por semana, e o
número de sessões necessárias para a obtenção de resultados clínicos significativos
varia de acordo com a condição a ser tratada (Dias, 2010).
Através do treinamento contínuo e orientação e práticas adequadas, padrões
eletroencefalográficos considerados saudáveis podem ser treinados na maioria das
pessoas (Steiner et al, 2014). O neurofeedback não tem como objetivo que o paciente
aprenda a “retroalimentar” (do inglês: “to feedback”) seu cérebro com os padrões
aprendidos nas sessões através partindo do conceito do condicionamento operante,
mas também que ele aprenda estratégias, que, no caso de desequilíbrios, o mesmo
seja capaz de introduzir os padrões desejados em sua fisiologia (DIAS, 2010).