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O Sono e a memória

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Além de o sono restaurar as capacidades mentais, as memórias podem ser consolidadas e processadas durante o sono.
O processamento das informações é sugerido pelos neurônios hipocampais, que codificam a localização espacial e estão ativos durante a vigília, sendo ativados principalmente em períodos de sono REM subseqüentes, quando comparados a neurônios que não estão ativos na vigília. A inferência é que memórias estão sendo relacionadas a outras informações cerebrais, constituindo um processamento off-line de in- formações adquiridas durante o dia ao longo da vida do individuo.

Para consolidação das memórias, as informações devem ser coletadas no hipocampo, onde são armazenadas temporariamente, e transmitidas ao neocórtex, para se tornarem memória de longo prazo. Durante o sono REM há uma redução da atividade da acetilcolina, substância responsável pela retenção de informações no hipocampo. Dessa forma, é facilitada essa transferência das informações.

Cada fase do sono é usada pelo cérebro para estocar determinado tipo de informação. Nas duas fases mais leves do sono, são informações motoras, relacionadas a atividades como tocar um instrumento musical ou praticar um esporte. Nas fases 3 e 4, o cérebro se encarregaria de armazenar memória espacial. E a memória intelectual, ligada ao pensamento lógico e matemático, estaria relacionada ao sono REM.7

Teorias Interpretativas

Os sonhos são uma seqüência de fenômenos psíquicos, imagens, representações, atos e idéias, que, involuntariamente, ocorrem durante o sono. Desde o princípio, a atividade onírica parece fascinar a humanidade. Antes ela estava associada à influência dos deuses ou demônios; logo após ela adentra no mundo científico, merecendo estudos e sistematizações.

Freud sugeriu muitas funções para os sonhos. Acreditava que ha- via por trás dos sonhos desejos disfarçados, sendo o sonho uma via para realização e expressão de fantasias proibidas durante a vigília. A força motivadora para a formação dos sonhos seria fornecida por um impulso inconsciente, reprimido durante o dia, o qual perturbaria o sono e seria transformado numa forma dramática e mais aceitável pelo trabalho do sonho.

Por sua vez, Jung considerou o sonho uma representação simbólica do estado da psique. Para ele, o sonho mostra os conteúdos da psique pessoal (os complexos) sob uma forma personificada ou representacional, como pessoas, objetos e situações que refletem os padrões mentais, não havendo um objetivo oculto no sonho.

Teorias recentes dos sonhos são mais biologicamente fundamentadas. Allan Hobson e Robert McCarley, de Harvard, propõem a hipótese de “ativação-síntese”, a qual explicitamente rejeita as interpretações psicológicas. Em vez disso, os sonhos são vistos como associações e memórias do córtex cerebral causadas por descargas aleatórias da ponte durante o sono REM. Assim, os neurônios pontinos, através do tálamo, ativam várias áreas do córtex cerebral e provocam imagens ou emoções bem conhecidas, e o córtex tenta sintetizar as imagens discre- pantes em um todo com sentido, gerando o sonho.

Tão surpreendentemente, o produto do sonho “sintetizado” pode ser completamente estranho ou mesmo sem sentido, pois é disparado por atividade semi-aleatória da ponte.

As evidências para a hipótese da ativação-síntese são de certa maneira incongruentes. A hipótese prevê a extravagância dos sonhos e sua correlação com o sono REM, mas não explica como a atividade ao acaso pode disparar histórias fluentes e complexas que muitos sonhos podem conter, nem como pode causar sonhos que se sucedem repetidamente noite após noite.
Referências Bibliográficas

 

1 BEAR, M.F; CONNORS, B.W; PARADISO, M.A. Os rirmos do encéfalo. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. Porto Alegre: Artmed, 2006, 2. ed. Cap 19, p. 606-636.
2 GUYTON, A.C; HALL, J.E. Estados de atividade cerebral: sono, on- das cerebrais, epilepsia, psicose. Tratado de fisiologia médica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006, 11. ed, cap 59, p. 73

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