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A relação entre TDAH( transtorno déficit de atenção e hiperatividade) e o TA ( transtorno de aprendizagem)

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Estudos de prevalência de Transtornos de Aprendizagem (TA) em crianças e adolescentes com TDAH apresentam resultados não conclusivos, apesar da frequente comorbidade entre as síndromes.

O Transtorno de Déficit de Atenção Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico com etiologia multifatorial incluindo fatores genéticos e ambientais. Sua prevalência mundial é de cerca de 5,29% em crianças e adolescentes (Polanczyk, Lima, Horta, Biederman, & Rohde, 2007). Além disso, é um dos transtornos mentais da infância e da adolescência que determina grande procura por atendimento médico e psicopedagógico (Costa, 2009; Rohde, Dorneles, & Costa, 2006). O transtorno é, em geral, evidenciado na infância, e frequentemente acompanha o indivíduo durante a vida adulta.

O desempenho escolar pode estar comprometido nas crianças com déficits de atenção significativos, associados ou não à hiperatividade, já que a atenção seletiva a informações relevantes é condição necessária para que ocorra aprendizagem, especialmente as escolares (DuPaul, Gormley, & Laracy, 2012; Zentall, 2007). Estudos (Barkley, 2008; Rief, 2006) indicam que os estudantes com TDAH correm de duas a três vezes mais risco de fracassar na escola do que crianças sem TDAH e com inteligência equivalente. Na idade escolar, esses estudantes apresentam maior probabilidade de repetência, evasão escolar, baixo rendimento acadêmico e dificuldades emocionais e de relacionamento social (Carroll, Maughan, Goodman, & Meltzer, 2005; Rohde et al., 1999)

Há evidências de que sintomas de desatenção são preditores de comprometimento em vários domínios da vida escolar (Lee, Lahey, Owens, & Hinshaw, 2008; Wu & Gau, 2013). Independentemente da persistência do transtorno, também há evidências de que o comprometimento do desempenho global na escola durante a infância mantém-se na adolescência (Wu & Gau, 2013).

Alguns autores (Faraone, Biederman, Monuteaux, Doyle, & Seidman, 2001; Mayes, Calhoun, & Crowell, 2000) têm justificado esse pior desempenho pela alta prevalência de comorbidade entre os transtornos de aprendizagem (TA) e o TDAH. Vários modelos teóricos têm sido propostos para justificar tal comorbidade, sendo que três deles têm recebido maior atenção.

O primeiro sugere que os dois transtornos compartilham um ou mais déficits cognitivos, subjacentes a ambos, que justificam a presença dos dois, por exemplo, déficits na memória de trabalho e na velocidade de processamento da informação.

O segundo modelo propõe que a presença de um transtorno aumenta o risco para o outro, isto é, os três sintomas nucleares do TDAH, desatenção, agitação e impulsividade, têm um impacto forte na aprendizagem, pois levam os estudantes a trabalharem individualmente, de forma produtiva, por menos tempo que seus colegas sem TDAH. Esses alunos também apresentam dificuldade de engajamento em tarefas, constantemente prolongando o início de uma atividade, além de evitarem o treino repetitivo e não desenvolverem habilidades de forma tão automática quanto seus pares sem TDAH. Assim, os principais sintomas do TDAH afetam de tal forma a vida acadêmica das crianças que elas acabam por apresentar, como consequência, dificuldades de aprendizagem.

E o terceiro modelo sugere que a comorbidade representa transtornos independentes, ou seja, transtornos que co-ocorrem sem exercerem influência entre si.

Independente do tipo de relação existente entre TDAH e TA, diagnósticos de ambos os transtornos são frequentes em crianças que apresentam dificuldades acadêmicas e comportamentais (Hooper & Williams, 2005). Apesar do avanço das pesquisas nas duas últimas décadas, ainda não há consenso quanto à definição clara para designar o TA, para os quais muitos termos são utilizados. O conceito é amplo e a maioria das crianças é identificada como portadora de TA devido ao seu desempenho inesperadamente baixo em um ou mais domínios do desempenho acadêmico, incluindo as áreas de leitura, escrita e matemática (American Psychiatric Association [APA], 2003; Fletcher, Lyons, Fuchs, & Barnes, 2009).

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