Técnicas de biofeedback proporcionam um retorno imediato de processos fisiológicos (frequência cardíaca, resposta galvânica da pele, tensão muscular, temperatura periférica, pressão arterial e atividade cerebral) dos quais o indivíduo pode não estar consciente ou apresentar dificuldades para controlar (Henriques, Keffer, Abrahamson & Horst, 2011; McKee, 2008; Neves Neto, 2011, Strunk, Sutton & Burns, 2009), permitindo o aprendizado da regulação voluntária de respostas fisiológicas e emocionais. O treinamento em biofeedback inclui diferentes métodos de conscientização e relaxamento, como técnicas musculares, respiratórias e cognitivas, que facilitam a autorregulação dos processos corporais (Cutshall & cols., 2011; Elkins, Fisher & Johnson, 2010; Mckee, 2008; Paul & Garg, 2012). Instrumentos de biofeedback podem também conter jogos. O participante vence quando alcança um objetivo fisiológico, como manter a pressão arterial, por exemplo. Esses instrumentos, em virtude de seu caráter lúdico, têm sido inclusive utilizados com crianças (Jordanova & Gucev, 2010; McKee, 2008). Existem diferentes tipos de instrumentos de biofeedback.
O biofeedback de variabilidade de frequência cardíaca (VFC), conhecido como HRV (Heart Rate Variability) biofeedback, por exemplo, é um dos mais confiáveis para a medição de parâmetros relativos ao funcionamento do sistema nervoso autônomo (Paul & Garg, 2012). O biofeedback de VFC informa o índice de expressão emocional a partir da interação existente entre os sistemas simpático e parassimpático. Uma baixa VFC está associada a uma menor atividade do nervo vago e aumento da atividade do sistema nervoso simpático. Intervenções que aumentem a VFC e melhorem o tônus vagal podem diminuir a ansiedade. Um sensor de pulso preso nos dedos é conectado a um computador e mostra o ritmo cardíaco em tempo real em um gráfico. Um padrão gráfico denteado demonstra baixa coerência, indicando, portanto, níveis de estresse e ansiedade elevados. Um padrão gráfico com ondas suaves mostra alta coerência, bem-estar e menor índice de estresse. O biofeedback de VFC tem sido utilizado no tratamento de problemas cardiovasculares, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico e transtorno do estresse póstraumático (TEPT) (Wheat & Larkin, 2010).
Já o biofeedback eletroencefalográfico (EEG) ou neurofeedback identifica os tipos de ondas cerebrais atuantes no momento, a partir de sensores instalados na cabeça do indivíduo. Ondas alfa têm sido associadas a relaxamento e bem-estar, enquanto ondas teta (produzidas com os olhos fechados) têm sido associadas a estados de meditação, início de sono ou hipnose (Bhat, 2010; Gruzelier, 2009). O treinamento alfa/teta (A/T) envolve a identificação das ondas alfa e teta durante o relaxamento do paciente, com os olhos fechados, frequentemente ao som de músicas tranquilas. O objetivo é aumentar a relação A/T.
Embora técnicas de biofeedback sejam frequentemente utilizadas como instrumentos de medida da atividade do sistema nervoso autônomo e, consequentemente para aferir níveis de estresse/ansiedade, alguns estudos mais recentes tem se voltado para a sua utilização como ferramenta terapêutica. Evidências (Éismont, Lutsyuk, & Pavlenko, 2011; Gervitz & Dalenberg, 2008; Lande, Williams, Francis, Gragnani & Morin, 2010) também sugerem que o emprego dessas técnicas como recurso terapêutico esteja sendo utilizado em particular para o manejo do estresse e da ansiedade.