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A importância do vínculo materno para o desenvolvimento da criança

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Neide Barros

A arte de educar um filho não se constitui em tarefa fácil, pois os cuidados com a criança se mostram constantes e permanentes, tornando-se a chave principal para a saúde de toda e qualquer criança, mesmo tendo ela alcançado certo grau de desenvolvimento e independência. Para isto, é necessário conhecer as inúmeras condições sociais e psicológicas que influenciam, positiva ou negativamente, o seu desenvolvimento.

Isso acontece porque a criança não é um organismo capaz de vida independente, necessitando, portanto, de uma instituição social especial que a ajude durante o período de imaturidade. A família, assim, tem dupla função no seu papel estruturador. Primeiramente, na satisfação de necessidades básicas como alimentação, calor, abrigo e proteção; em segundo lugar, proporcionando-lhe um ambiente no qual possa desenvolver ao máximo suas capacidades físicas, mentais e sociais. Bowlby (1988) complementa dizendo que para poder lidar eficazmente quando adulto, com o seu meio físico e social, é necessária uma atmosfera de afeição e segurança.A esta atmosfera de segurança, Bowlby (1989) denominou de comportamento de apego, definindo-o como: “… qualquer forma de comportamento que resulte em uma pessoa (criança) alcançar e manter a proximidade com algum outro indivíduo claramente identificado (papel de mãe ou principal cuidador), considerado mais apto para lidar com o mundo”.

O sentimento e o comportamento da mãe em relação a seu bebê são também profundamente influenciados por suas experiências pessoais prévias, especialmente as que teve e talvez ainda esteja tendo, com seus próprios pais. É este padrão de relacionamento parental que dará origem à forma como ambos os pais irão vincular-se ao filho, provendo ou não suas necessidades físicas e emocionais.

É neste sentido que reforçamos a importância dos pais fornecerem uma base segura a partir da qual uma criança ou um adolescente pode explorar o mundo exterior e a ele retornar, certos de que serão bem-vindos, nutridos física e emocionalmente, confortados se houver um sofrimento e encorajados se estiverem ameaçados. A conseqüência dessa relação de apego é a construção, por volta da metade do terceiro ano de idade, de um sentimento de confiança e segurança da criança em relação a si mesma e, principalmente, em relação àqueles que a rodeiam, sejam estes suas figuras parentais ou outros integrantes de seu círculo de relações sociais.

Um importante traço do comportamento de apego é a intensidade da emoção que o acompanha, o tipo de emoção que surge de acordo com a relação entre a pessoa apegada e a figura de apego. Lebovici (1987), desenvolvendo estas idéias, reforça que, se tudo está bem, há satisfação e um senso de segurança, mas, se esta relação está ameaçada, existem ciúme, ansiedade e raiva.

Se ocorre uma ruptura, há dor e depressão. Nesse caso de privação materna em que a criança é afastada de sua mãe, seja este afastamento de ordem física ou emocional, muitas são as conseqüências, tanto de ordem física, quanto intelectual e social, podendo, inclusive protagonizar o aparecimento de enfermidades físicas e mentais.Os efeitos perniciosos da privação variam de acordo com o grau da mesma. A privação traz consigo a angústia, uma exagerada necessidade de amor, fortes sentimentos de vingança e, em conseqüência, culpa e depressão.

Se uma pessoa teve a sorte de crescer em um bom lar comum, ao lado de pais afetivos dos quais pôde contar com apoio incondicional, conforto e proteção, consegue desenvolver estruturas psíquicas suficientemente fortes e seguras para enfrentar as dificuldades da vida cotidiana. Nestas condições, crianças seguramente apegadas aos seis anos são aquelas que tratam seus pais de uma forma relaxada e amigável, estabelecendo com eles uma intimidade de forma fácil e sutil, além de manter com eles um fluxo livre de comunicação.

As conseqüências da situação inversa, ou seja, se esta mesma pessoa vem a crescer em circunstâncias diferentes, seu núcleo de confiança estará esvaziado, ficando prejudicadas as relações com outros semelhantes, havendo, pois, prejuízos nas demais funções de seu desenvolvimento.

As contribuições de Margareth Mahler ao desenvolvimento infantil reforçam as idéias desenvolvidas por Bowlby quanto ao estabelecimento, através dos cuidados parentais, de uma base segura aos filhos. Suas contribuições referem-se à importância fornecida às relações de objeto precoces, ou seja, ao vínculo com a mãe, às angústias de separação e aos processos de luto nas etapas evolutivas.As fases que propõe como sendo organizadoras do psiquismo, incluem uma etapa do desenvolvimento no qual o eixo psicológico é a separação-individuação da criança em relação à mãe.

Espero ter ajudado a esclarecer um pouco mais  a importância do papel materno, não só nos primeiros meses de vida, mas ao longo de todo desenvolvimento infantil, contribuindo para a estruturação sadia do aparelho psíquico da criança. Papel este que, falhando ou apresentando comprometimentos, pode ser reparado e reforçado mediante a intervenção psicológica, bem como pela participação de outros profissionais, numa abordagem interdisciplinar rumo à promoção de saúde mental.

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