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Habilidades e competências na sala de aula: por que o discurso do currículo por habilidades e competências ganhou força nos últimos anos?

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Responder a pergunta do título nos faz pensar primeiro em uma outra questão: qual o conceito de habilidade e de competência? Aliás, muito utilizados e pouco refletidos.

Habilidade provém do Latim habilĭtas e refere-se à capacidade e à disposição para fazer algo. Competência vem do Latim competere, “lutar, procurar ao mesmo tempo”, de com-,”junto”, mais petere,” disputar, procurar,inquirir”. Competência é a capacidade para solucionar situações complexas que exijam, ao mesmo tempo, conhecimentos, habilidades, experiência e atitudes de diversas naturezas. Ser competente significa saber fazer escolhas, decidir, mobilizar recursos e agir.

Os conceitos de habilidade e de competência causam muita confusão e não são poucas as tentativas de diferenciá-los. Podemos dizer de uma maneira simples, que habilidades podem ser treináveis enquanto que competências, jamais. Vamos tentar facilitar exemplificando. Falar em público é treinável, embora requeira conhecimento, experiência e atitude, logo é uma habilidade. Da mesma forma, podemos classificar o ato de ler um texto, de resolver uma equação ou de andar de bicicleta. Já, dar uma aula é uma competência. Por mais que se treine, os diferentes contextos e exigências sempre exigirão além do que se treinou. Assim, também, ocorre com realizar uma cirurgia ou criar um sistema informatizado. Treinar ajuda a desenvolver essas competências, mas se não houver mobilização de conhecimentos, atitudes, habilidades e experiências, não obteremos sucesso.

O discurso do currículo por habilidades e competências vem ganhado cada vez mais força em primeiro lugar, porque uma nova cultura modifica as formas de produção e apropriação dos saberes. Estamos vivendo uma era pragmática em que o importante são os resultados, as concretudes, as ações. O mundo vem mudando num ritmo acelerado e trazendo novos paradigmas que precisam ser colocados em prática antes de serem refletidos, compreendidos. Em segundo lugar, porque se projetou na escola uma missão social: a de produzir profissionais competentes e cidadãos mais conscientes. E em terceiro, as exigências que o mercado de trabalho e o mundo em geral vêm fazendo às pessoas. Buscam-se de pessoas que saibam fazer e que tenham capacidade de planejar e resolver problemas. Tudo isso contribuiu para que se acredite que organizar o currículo escolar por habilidades e competências, forma um aluno mais preparado para enfrentar o mundo.

Cabe aqui fazermos uma distinção entre o sentido de competência no mundo do trabalho e o sentido de competência no mundo da escola. No mundo do trabalho, o conceito de competência se esgota na eficácia. Deu resultado, é competente. Na escola, esse conceito vai além da simples eficácia. Abrange, também, a eficiência. Ao desenvolvermos competências na escola, precisamos estar preocupados não apenas com o resultado, mas também com o caminho que o educando percorreu até esse resultado.

O Ministério da Educação nos apresenta aquelas que são consideradas as competências essenciais que a escola deve se preocupar em desenvolver em todos os níveis e séries:

 Dominar a leitura e a escrita e outras linguagens mais usuais.
 Resolver problemas reais através da realização de cálculos.
 Analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações.
 Compreender o seu entorno social e atuar sobre ele.
 Receber, criticamente, os meios de comunicação.
 Localizar, acessar e usar melhor a informação acumulada.
 Planejar, trabalhar e decidir em grupo.

Essas competências devem estar presentes em todos os planos de ensino de todos os níveis e séries, de forma que o educando possa desenvolvê-las natural e progressivamente ao longo de sua vida escolar.

A postura do professor diante dessa nova exigência precisa ser a de se perguntar, insistentemente, se, em suas aulas, está desenvolvendo competências ou apenas trabalhando conteúdos. A resposta pode ser obtida através da observação atenta dos alunos. O que eles estão aprendendo está contribuindo crescentemente para que eles resolvam situações reais? Eles estão integrando os conteúdos para analisar situações práticas? O currículo está desenvolvendo autonomia intelectual?

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