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O desenvolvimento da criança e do adolescente.

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Com esta série de textos, pretendo apresentar as características cognitivas e emocionais da criança e do adolescente em idade escolar, possibilitando uma maior compreensão do desenvolvimento de seus filhos, a fim de facilitar suas ações no dia a dia.

Conhecer as características de cada etapa do desenvolvimento pode evitar que, ao lidar com nossos filhos, subestimemos ou exijamos habilidades cognitivas, sociais ou emocionais para as quais eles ainda não estão preparados. Constantemente nos deparamos com comportamentos de outras pessoas e nos perguntamos: “por que ele faz o que faz? Aprendeu ou é uma característica que herdou de alguém?” É relativamente comum atribuirmos comportamentos à herança, como fazemos com características físicas, como cor dos olhos, altura ou alguma habilidade. Isso é o que comumente chamamos de “senso comum”. Mas o que dizem as teorias do desenvolvimento sobre os comportamentos serem desta ou daquela forma? As teorias do desenvolvimento consideram que o comportamento é fruto tanto de características hereditárias quanto de outras aprendidas no meio ambiente em que vivemos. Entretanto, algumas dessas teorias divergem quanto à parcela de influência de cada uma destas fontes. Quando falamos de ambiente, estamos nos referindo às influências da família, da escola, do bairro, da cultura. Tomemos, como exemplo, a inteligência: ela é herdada? é possível deixar uma pessoa muito inteligente estimulando-a? ou é a mescla dos dois?

Por outro lado, as teorias concordam que a pessoa assume um papel ativo no seu desenvolvimento. Essa é uma característica filogenética, isto é, o homem é o único animal que modifica seu ambiente. Ele influencia e é influenciado pelo meio ambiente em que vive. Todavia, cada ser humano nasce com potencialidades diferentes para responder aos estímulos. A relação do homem com o meio ambiente acontece desde o nascimento, e as aprendizagens acontecem num contínuo, das mais simples para as mais complexas. Essa relação entre o homem e o meio ambiente é única, o que faz com que sejamos muito parecidos e, ao mesmo tempo, diferentes. Ainda que se observe algum consenso entre as teorias quanto a explicações básicas do desenvolvimento humano, cada uma delas se específica em seus princípios explicativos. Além disso, os estudos evolutivos têm resultado na divisão da Psicologia do Desenvolvimento baseada no ciclo vital: Psicologia da Infância, Psicologia da Adolescência e Psicologia da Velhice, com ênfase nas características próprias de cada fase. O ciclo vital compreende o desenvolvimento do ser humano do nascimento à velhice. Ele é composto por etapas demarcadas por acontecimentos muitas vezes culturais. Por isso, não é objetivamente definido quando uma pessoa passa, efetivamente, de uma etapa a outra. Papalia, Olds e Feldman (2006) descrevem o ciclo vital em oito períodos: pré-natal (da concepção ao nascimento); primeira infância (do nascimento aos 3 anos de idade); segunda infância (de 3 a 6 anos); terceira infância (de 6 a 11 anos); adolescência (de 11 a 18 anos); jovem adulto (de 19 a 40 anos); meia-idade (de 41 a 65 anos) e terceira idade (de 66 anos em diante).

Piaget descobriu que o desenvolvimento da criança pode ser dividido em estágios mais ou menos delimitados, de forma que um estágio anuncia o posterior, assim como é condição necessária para ele. Piaget propôs quatro estágios do desenvolvimento cognitivo: (a) o sensóriomotor (de 0 a 2 anos), em que o bebê entende o mundo a partir dos seus sentidos e das suas ações motoras; (b) o pré-operatório (de 2 a 6 anos), em que a criança passa a utilizar símbolos, classificar objetos e utilizar lógica simples; (c) o operatório concreto (de 7 a 11 anos), em que inicia o desenvolvimento de operações mentais como adição, subtração e inclusão de classes; e (d) o operatório formal (de 12 anos em diante), em que o adolescente organiza ideias, eventos e objetos, imaginando e pensando dedutivamente sobre eles. Os estágios seguem uma ordem fixa de desenvolvimento, mas as pessoas passam por eles em velocidades diferentes (BEE, 1997; PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006).

Vamos focar no info de hoje na fase dos 7 aos 11anos., o chamado operatório concreto. Considerando o desenvolvimento cognitivo, à medida que transitam pela idade escolar as crianças fazem progressos constantes nas habilidades de processar e reter informações. Compreendem como a memória funciona e desenvolvem estratégias para utilizá-la. Desenvolvem a capacidade de atenção concentrada, focalizando no relevante e desconsiderando o irrelevante da informação. A aprendizagem da leitura e da escrita amplia o repertório funcional da criança, proporcionando o acesso às ideias e à imaginação de pessoas, lugares e tempos distantes.

A criança nessa fase, enfrenta a aprendizagem da leitura e da escrita. Escrever tem, além da tarefa física de desenhar as letras, as regras de ortografia, pontuação e gramática que, gradativamente, são incorporadas ao repertório do estudante. Seja considerando a aprendizagem da leitura e da escrita, seja tomando a aprendizagem de conhecimentos socialmente construídos, o sucesso do desempenho escolar está diretamente associado ao que a escola e os professores oferecem enquanto ambiente organizado de aprendizagem para a aquisição das habilidades pertinentes a esse contexto.

Além da escola a família é um contexto de aprendizagem e exerce influência muito grande sobre a criança em idade escolar. Uma boa interação entre esses dois contextos – escola e família – pode auxiliar as famílias a desenvolverem, junto aos seus filhos, o interesse e a valorização pela escola e pelo produto aí gerado: a aprendizagem dos conteúdos escolares significativos e importantes para o seu futuro como cidadão e como profissional consciente e produtivo.

Entretanto, mesmo que a maioria consiga se apropriar dos conhecimentos acumulados, observa-se crianças com diferentes desempenhos que necessitam de atendimento especializado. Entre as dificuldades de aprendizagem nessa etapa, estão aquelas que podem ser pontuais e atenuadas com atendimento específico, como a dislexia (transtorno de linguagem que se expressa na dificuldade de ler, escrever e contar) e o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH (caracteriza-se por desatenção persistente com a presença ou não de excesso de atividade motora ou verbal). As deficiências sensoriais, como a visual e a auditiva, bem como a deficiência motora, dependem do oferecimento de condições de ensino que eliminem ou minimizem barreiras naturais, para não aumentar as dificuldades para a aprendizagem (braile, computador, intérprete de Libras). A deficiência intelectual (desempenho abaixo do esperado nas áreas acadêmicas), todavia, pode necessitar de reorganização curricular para dar a oportunidade para que esses alunos frequentem a escola regular com seus pares.

No próximo info vou abordar o aspecto da aprendizagem das emoções na fase escolar dos 6 aos 11 anos. Até lá!

 

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